Milhares de pessoas participaram de
homenagens e de serviços religiosos em toda a Ásia nesta sexta-feira (23) para
lembrar os dez anos do tsunami no oceano Índico, um dos piores desastres
naturais da história moderna. O evento ocorreu em 26 de dezembro de 2004 e
atingiu doze países ao redor do oceano Índico, matando 230 mil pessoas. O
fenômeno erradicou comunidades costeiras inteiras, dizimou famílias e afetou
praias cheias de turistas na manhã após o Natal. Como parte das
celebrações, sobreviventes, autoridades governamentais, diplomatas de
familiares de vítimas se reuniram na Indonésia, Tailândia, Sri Lanka, Índia e
em outros países afetados. Minutos de silêncio estavam programados em várias
localidades para marcar o momento exato em que o tsunami aconteceu. "Não
consigo esquecer o cheiro do ar, a água naquele momento...mesmo depois de dez
anos", disse Teuku Ahmad Salman, morador de 51 anos que se uniu às
milhares de pessoas que oravam em Banda Aceh, na Indonésia. "Não
consigo esquecer como perdi minha mulher, meus filhos, minha casa", disse
ele, soluçando, lembrando que durante anos recusou-se a acreditar que eles
haviam morrido, mas eventualmente deixou de procurar por eles. O desastre
foi provocado por um terremoto de magnitude 9.1, o mais forte na região em 40
anos, que atingiu o fundo do mar na costa de Sumatra, na Indonésia, deslocando
bilhões de toneladas de água que formaram ondas que cruzaram o oceano Índico
com a velocidade de um jato e atingindo locais tão distantes quanto o leste da
África. O vice-presidente indonésio Jusuf Kalla liderou uma cerimônia em
Banda Aceh, a capital da província de Aceh, a mais próxima do epicentro e mais
afetada pelo fenômeno. Ele e outras autoridades colocaram flores numa vala
comum onde milhares de vítimas não identificadas do tsunami foram enterradas.
Um outro evento foi realizado para agradecer aos embaixadores de muito países
estrangeiros que ajudaram Aceh a se recuperar do desastre. "Aqui,
neste local, dez anos atrás...vimos em prantos milhares de corpos", disse
Kalla. "Nenhuma palavra pode descrever nossos sentimentos humanos naquele
momento - confusão, choque, tristeza, pavor - ao virmos o sofrimento do povo em
Aceh. Mas não podíamos permanecer na tristeza. Aceh tinha de se erguer
novamente e todos os indonésios deste arquipélago ajudaram, pessoas de todo o
mundo ofereceram assistência", declarou.
(BN)