A ordem para executar os oito torcedores do Corinthians
na sede da Pavilhão Nove, na Zona Norte de São Paulo, partiu de uma facção
criminosa que atua dentro e fora dos presídios, segundo a Polícia Civil
informou ao Bom Dia São Paulo na manhã desta segunda-feira (19). Dois suspeitos já
foram identificados.
Antes da chacina, investigações feitas
pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo
Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) apontam
que alguns dos mortos comandavam pontos de tráfico de drogas na região da
Ceagesp, na Zona Oeste da capital paulista. Eles teriam se desentendido com
grupos rivais.
O crime aconteceu noite de sábado (18) na
quadra da torcida que fica perto da Ponte dos Remédios. Testemunhas contaram à
polícia que três homens armados invadiram o local por volta das 23h depois de
um dia de festa. Após um torneio de futsal, os torcedores preparavam bandeiras
que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras deste domingo, na Arena
Corinthians. Segundo o Departamento Estadual de Homicídio e Proteção à Pessoa
(DHPP), houve execução, já que as vítimas foram encontradas deitadas e próximas.
Com base no que as testemunhas relataram,
a polícia descarta que a motivação tenha sido uma rixa entre torcidas. Perto
dos corpos foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm. “Acabaram com a minha
vida”, disse a mãe de uma das vítimas ao deixar a sede do DHPP, no Centro.
Vítimas
A Polícia Civil divulgou os nomes dos
mortos: Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de
Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves
Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio
Corassa Junior, de 19 anos, Mydras Schmidt, de 38 anos, e Jonathan Rodrigues do
Nascimento, de 21 anos.
Os corpos de Fabio, Mateus, Jonathan,
André, Mydras e Ricardo devem ser enterrados na capital e Grande São
Paulo na manhã desta segunda.
Fábio Neves Domingos foi um dos 12 presos na tragédia
que marcou a estreia do Corinthians na Copa Libertadores da América de 2013,
contra o San José, da Bolívia. Na ocasião, o jovem torcedor boliviano Kevin Douglas
Beltrán Espada, de 14 anos, foi atingido por um sinalizador da torcida do
Corinthians e morreu.
No mesmo ano, depois de ser libertado, ele se envolveu
numa briga de torcedores num jogo entre Vasco e Corinthians, em Brasília. Outra
vítima, Mydras Schmidt, foi puxador de samba da escola Pérola Negra no ano
passado.
Sobrevivente
viu execução
A mãe de um dos oito mortos contou ao G1 que um dos sobreviventes da chacina foi enrolado em uma
bandeira do time e
deixado vivo pelos criminosos. "Disseram para ele que ele tinha sorte que
as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo", relatou.
Segundo ela, outros rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta
e fugir.
Ela esteve no Instituto Médico-Legal na manhã deste
domingo (19) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as
vítimas foram espancadas antes de morrer. "Deixaram o rosto e o braço dele
todo machucado", afirmou. Ela preferiu não se identificar por medo de
represálias.
Erasmo Carlos, cunhado de André Luiz de Oliveira, um dos
mortos, pediu justiça. Ele esteve no IML neste domingo. "A gente espera
justiça. Isso passa direto na televisão. Essa violência não pode ficar
impune", defendeu.
Maria Enédna de Abreu, amiga de parentes das vítimas,
afirmou que os torcedores eram boas pessoas. "Não dá pra entender o que
aconteceu. Os meninos eram bons", disse.